Entrevista exclusiva com a baleia jubarte que engoliu o chileno: "Pensei que ia engasgar"
- Elis Faustino
- 20 de fev.
- 2 min de leitura

Em depoimento emocionante, baleia conta como foi seu encontro com o chileno que brincava de caiaque entre o estreito Ushuaia e Antártida. "Já estou no fim do mundo. Pra onde mais posso ir?", disse a baleia, "O que esse menino fazia por aqui?"
De fato, a intensa movimentação na região cresceu nos últimos anos. Segundo Gilberto Sarfati, Doutor em Relações Internacionais FFLCH-UP, e Nara Nanae Sano, Doutora em Geografia Física pela USP, em seu artigo "O turismo antártico e a ameaça da tragédia dos comuns", a indústria de turismo cresceu vertinosamente entre 1990 a 2012, a base de 5 mil turistas por ano saltou para mais de 26,5 mil. O turismo ganha força com grandes transatlânticos na região.
"Eles atracam ali perto daquele iceberg. De repente a baía fica tomada de caiaque pra todo lado. É uma loucura!", reclama a baleia. Questionada se ela deveria ter sido mais cautelosa já que a região é conhecida pela grande quantidade de caiaquistas, a baleia explode um suspiro longo por seu orifício: "Subi para pegar um ar. De repente, quase engasguei." A baleia afirma ser a favor da restrição de turistas. Ainda é mais radical. "Por que não criam uma reserva biológica e proíbem a presença de humanos?"
Segundo Sarfati e Sano, "O Tratado da Antártica e o Protocolo de Madri sobre Proteção do Meio-Ambiente da Antártica regulam o uso científico e comercial da Antártica. Entretanto, na prática, o turismo na Antártica é administrado por um sistema auto-regulatório mantido pela AIOTA (Associação Internacional de Operadores de Turismo da Antártica). As recomendações da organização podem ser tacitamente seguidas pelos seus membros mas, o problema é que não há obrigação e fiscalização do cumprimento das recomendações da organização e, pior ainda, não há como obrigar operadores não filiados a cumprir suas determinações."
Perguntado como foi a sensação de engolir um homem, a baleia respondeu: "Senti no céu da boca uma bolota. Acho que era a cabeça dele. O caiaque machucou minha gengiva." A baleia conta que estava engasgada tentando regurgitar enquanto o chileno lhe agredia com pontapés e socos. "Foi puro instinto para ambos. Os dois lutaram por suas vidas."
A baleia disse que irá procurar os seus direitos e pretende processar o chileno. Tentamos contato com AIOTA, mas ninguém se pronunciou até o momento desta reportagem.




